sábado, 2 de maio de 2015

Me vejo.

Eu me vejo gritar em becos escuros.
Calada no sofrer da noite.
Eu me vejo em passos desolados.
Na agonia alheia.
Eu me vejo no cinza dos dias.
Eu me vejo em cenas tristes espontâneas.
Me vejo no sangue do espelho.
Eu me vejo contorcida no colchão.
Me vejo largada no caixão.
Vejo meus dias no fim do ontem.
Nas trevas, eu não queria ver nada.
Mas parece que nada é tudo o que vejo.
Nada que vale a pena.
Nada que me faça levantar da cama.
Nada que eu tenha que me lembrar.
Desaparecendo um pouco mais a cada ano.
Renascendo um pouco mais a cada morte.
Me desfazendo um pouco mais a cada lágrima.
Até que eu não me veja mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário