segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ressaca.

O mundo lá fora tá cheio de pessoas,
as pessoas vazias, me enchem de problemas.
o bar vazio, eu encho minha cara.
minha mente cheia de sonhos e esquemas.

Tenho medo de evoluções,
vindo de mentes pequeninas.
anseio por revoluções,
mas são apenas sonhos de esquinas.

Meus poemas perderam suas rimas,
romances perderam o amor,
pessoas perderam suas almas,
a consequência do ódio é a dor.

Só me restam um copo,
e algumas palavras forçadas,
inspiração do dia,
minha cara embrigada.

E acordo de ressaca,
no centro da cidade,
onde tudo é sempre cinza,
e não se vê mais a verdade.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Pequena desolada.

Pequena desolada,
em seu parque, esperando que morra.
Nada a bota pra cima,
pois não há ninguém na gangorra.
Deitada na praça vazia,
o algodão doce não chama sua atenção.
Fumando o palito de um pirulito,
queimando lentamente seu coração.
No topo do escorregador.
Um jeito novo de descer,
quer ser morta em seu castelo,
antes que tenha de crescer.
Criança triste e isolada.
Teu livro de histórias está manchado.
São as canetinhas coloridas?
Ou as lágrimas sem vida?
O céu perdeu seu arco-iris,
seus olhos perderam a cor.
Desde cedo, começou a enxergar,
um mundo sem amor.
Quem sabe, pequena,
Um amigo há de chegar.
Ele pode lhe fazer sorrir,
ou partir,
deixando a tristeza em seu lugar.
Pensava que o parque era um mundo feliz.
Mas até aqui, pode se machucar,
E por mais que faça um curativo,
uma dor de anos pode nunca passar.
Mas não se preocupe, pequena,
Mais tarde, sua mãe vem te buscar.
Te ensinará mais sobre o mundo de fora,
e menos sobre esse lugar.

domingo, 16 de junho de 2013

Embriagada.

Novamente, quem diria,
jogada pelas esquinas.
Pelas ruas escuras.
As lágrimas inquilinas.

Procurando um pouco de comédia de bar,
e dose dupla de ilusão e alegria.
Esperando que a noite solitária
me faça ignorar o dia.

Que mal faz um pouco de amnésia?
Venenos que me matam até o outro dia,
Até que eu acorde,
esperanças cheias de ironia.

Garçom, traga-me a garrafa
e outra dose, por favor.
Esse copo está cheio de lágrimas
e vazio de amor.

Mas o que importa estar só,
se amanhã não lembrarei de nada.
Minha solidão pagará a conta,
voltarei de manhã embriagada.

Que eu me lembre o endereço,
pois telefones não vão me adiantar.
E que eu não precise de ambulância,
pois sozinha vou estar.

sábado, 11 de maio de 2013

Nostalgia do futuro.


A tarde de hoje,
madrugadas de 1972.
Compartilhando as musicas de antes,
tentando evitar o depois.

As desilusões da cada esquina,
é o atual que queremos parar
com nossos romances de Shakespeare,
diante do mais lindo luar.

Os túmulos das mais belas vozes,
O rádio já me ensurdeceu.
Se aqueles anos pudessem falar,
veriam que nada além do tempo cresceu.

Já me perturbam os vocabulários pobres,
as mentiras da televisão.
E mesmo tendo em mente,
ninguém se importa com sua manipulação.

Ontem, amor e rebelião.
Hoje, ódio e televisão.
O que houve com o mundo, não sei.
Mas não é evolução.

Nós não temos mais história,
não existem fatos sem verdade,
autoridades que censuram nossas bocas
desde os três anos de idade.

Nós já vimos tudo isso antes,
em protestos e gritos em uma rua escura.
Hoje, só temos a nostalgia do futuro,
nos revelando a verdade mais pura.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Ela.


Ela surtou.
É uma nova pessoa que surge daqui pra frente.
Que não vai cair no chão por qualquer chute.
Que não queima seu rosto por lágrimas inúteis.
Que não se corrói por qualquer doença.
Eles conseguiram.
A enlouqueceram de vez.
Ela se conformou com o demônio que ela é.
Ela se conformou em ser o demônio que eles merecem.
Ela é o mal alheio.
Espelho de todos.
Suas armas, seu sangue.
Basta pisar e acionar a bomba.
Torture-a para se machucar.
Machuque-a para quebrar seus ossos.
Faça-a abaixar a cabeça e ela te colocará sob o seu olhar.
E você pensará duas vezes antes de ver alguém sangrar.
Porque um dia já quiseram fazer dela, um tapete.
Mas ela sabe como derrubar.
Ela é a inocência dos assassinos.
Ela é o hospício de todos os sãos.
Ela é o pecado dos anjos.
Ela é a dor dos mais fortes.
Queira você ou não, para ela tanto faz.
Porque ela sou eu a partir de você.

sábado, 23 de março de 2013

Anjos ou demônios.


As pessoas sempre me quiseram fazer o modelo da mente delas.
Mentes doentias, no entanto, nem sempre iguais.
Algo além da perfeição.
Mas o que é ser um anjo?
Um nível tão alto assim.
De sorrisos além de sofrimentos.
Amor além da dor.
Machucar a sua pele para não quebrar ossos de outros.
Chorar para ver outros sorrisos.
Torturar sua alma para não arruinar a vida alheia.
O auto-sacrifício.
Será que vale a pena?
Enquanto você não é apenas uma lembrança, se torna um demônio.
Porque eles sabem que podem lhe ferir.
Mas depois do túmulo, a sua pele se desfaz e seus sentimentos também.
O seu coração para de bater.
É um nível mais alto onde ninguém pode te machucar.
Um nível acima, sem sentir, sem se importar.
Arma nenhuma pode te alcançar.
Apenas lá em cima vendo o circo queimar.
E ajudar, se achar que merece.
Acho que deve ser isso o que eles chamam de anjo.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dias ao teu lado.


Eu virei noites olhando nossas fotos,
eu passei dias lembrando dos teus beijos.
Sonho revirando nossas histórias,
Acordo procurando mais um verso que desejo.

As manhãs, você me invade a mente.
Doce, o teu jeito de ser.
As noites, lembrando do teu sorriso,
Belo sorriso que nunca vou esquecer.

Tua felicidade é motivo de meu sorriso,
assim como você é.
E quero lhe fazer feliz,
sempre que eu puder.

São sorrisos que não trocaria por nada,
histórias de um amor sem fim.
Nada no mundo valeria mais do que isso,
Pois o que temos não se acha fácil assim.

Uma pena não estar contigo sempre,
mas no seu coração sempre irei estar.
Lembrando, todo dia, que te amo
e sempre irei te amar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Moldura plastificada.


São lágrimas frias que correm meu rosto,
as dores que não se compreendem,
os gritos até então calados.

Só eu posso chorar por mim,
as paredes pintadas em melancolia,
os movimentos inusitados.

Quem podesse ouvir a agonia das lágrimas,
Jamais acreditaria, que um dia
os dias já brilharam pra mim.

De pulos arriscados,
e passos ingenuos,
eu nunca soube o quanto isso valeria no fim.

As risadas eram valiosas,
as palavras verdadeiras,
que eu nunca mais vi.

Dias que por mais que estivesse nublado,
as brincadeiras nas poças d'água
valeriam o brilho ofuscado por si.

Mas não sorriem mais as estátuas de marmore,
nem fazem sorrir as velhas histórias,
no meu velho museu de lembranças abandonadas.

Mas ainda jaz o momento em que registrei,
aqueles dias de risos históricos,
fixados em uma moldura plastificada.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Guerreira.


Queria furar meus olhos, para não ver tuas lágrimas caindo.
O mais eterno silencio, sem teus gritos de agonia.
Procurando em teus olhos, um único vestígio de alegria.
Pode ser que não pareça, mas observo teu esforço.
E protegida, daqui de cima eu torço.
Para que você ainda possa aguentar.
Eu queria tocá-la com um poder de cura.
Protegê-la deste mundo de amargura.
Queria abraçar a tua doença.
E tirar toda a dor da tua alma atormentada.
Dar-lhe toda a força de quem acaba de entrar na luta.
Tu, guerreira.
Merece o sangue nas mãos de quem um dia lhe fez chorar.
Roubou de ti, as forças que sempre me dá.
E agora, parada neste canto, quem precisa de forças é você.
Ignorar tua tristeza, enfrentar tua dor.
Seja a luz, contra toda a escuridão.
Tenha a força com a qual bate teu coração.
Eu prefiro morrer a deixá-la cair ao chão.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Rotina sem você.


Um dia a mais, um dia a menos
Nada mais me importa
Os dias são sempre os mesmos
Minha vida parece sempre morta.

Um disco do Cazuza,
outro dos Beatlles
Ja perdi todas as lutas
Ja não acho mais sentidos.

Sei que não existe o passado
E mesmo que ele exista
Pra mim tudo foi apagado
Seu nome não ta na minha lista.

Sua face não vive na minha memória
Como se algo em mim vivesse
Nada mais parece ter glória
Não faria diferença caso alguém morresse.

Uma alma não faz diferença
No meio de milhões.
Nada consegue fazer diferença
Nada aparece meus irmãos.

A ti eu devo admitir,
Um dia eu cheguei até mesmo a crer
Que você sempre me faria sorrir
E que o "nós" sempre seria eu e você.

Agora tudo o que me resta
é o consolo da solidão,
a amargura de quem não presta,
e o amor de quem crê no perdão.

(D.P.)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Noite eterna.


É desesperador.
As nuvens num dia sem graça sufocando. O brilho fosco da semana inteira.
Tirando cada partícula de uma quase vida que, no momento, pode ser a unica coisa que tenho.
Apenas existo. Indesejadamente, por muitos. Até mesmo por mim.
As janelas se fecham. As portas são trancadas.
Cabeças baixas, olhares desviados.
E o mundo desmorona em cima de mim.
Me induzindo ao fim.
Exposições da felicidade, artes em que não posso tocar.
Um mundo só de quem faz parte.
Continuando meu caminho, apenas observando.
Atuando de acordo com o roteiro que diz que é mais confortável assim.
Andando sozinha em corredores sóbrios.
Analisando o amor até que se perca a essencia.
Que se torne algo sombrio, para amenizar a dor de não tê-lo.
Cair na ilusão, de que não o necessito.
Nostalgia cruel do que há além das nuvens.
Debaixo dessa paisagem melancólica, a chuva me forma uma crosta de ilusões, me fazendo acreditar que uma faixa de cores iluminaria meu dia.
Quebrando qualquer agonia.
Me fazendo fingir que o mundo todo não é como as lágrimas que embaçam sua imagem todos os dias.
Anoitecendo, mergulhando nas trevas, me deixando apenas a ilusão de um pouco de cor.
Porque não mereço um céu azul.
Na minha lápide, a noite eterna domina aquele olhar vazio.
Antes de se fechar como as portas e janelas.
Antes de se acabar como a vida e o mundo.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Lágrimas frias.


São lágrimas frias que correm meu rosto, as dores que não se compreendem, os gritos até então calados.
É triste quando não consigo ficar perto de alguém sem me sentir sozinha. E só não me sinto só quando é a solidão que segura minha mão.
E somos só nós. Eu e o nada. Minha unica companhia eterna.
O café de ontem ainda ali. Frio, como o vento sorrateiro passeando por meu corpo.
A maior emoção em dias cor de cinza. De coágulos e batimentos cardíacos indesejados.
Tenho medo. Medo de deixá-lo bater.
Medo de que acelere, perdendo o controle.
Conheço os riscos. Vida e morte a cada segundo.
Escuridão de assombro confortante. Fria ternura.
Pequena criança querendo fugir dos fantasmas com quem dividia o travesseiro.
São as velhas lágrimas frias tentando fuga dentro de mim.
Congelando cada vez mas o coração, anestesiando a agonia de cada batida morta.