quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Noite eterna.


É desesperador.
As nuvens num dia sem graça sufocando. O brilho fosco da semana inteira.
Tirando cada partícula de uma quase vida que, no momento, pode ser a unica coisa que tenho.
Apenas existo. Indesejadamente, por muitos. Até mesmo por mim.
As janelas se fecham. As portas são trancadas.
Cabeças baixas, olhares desviados.
E o mundo desmorona em cima de mim.
Me induzindo ao fim.
Exposições da felicidade, artes em que não posso tocar.
Um mundo só de quem faz parte.
Continuando meu caminho, apenas observando.
Atuando de acordo com o roteiro que diz que é mais confortável assim.
Andando sozinha em corredores sóbrios.
Analisando o amor até que se perca a essencia.
Que se torne algo sombrio, para amenizar a dor de não tê-lo.
Cair na ilusão, de que não o necessito.
Nostalgia cruel do que há além das nuvens.
Debaixo dessa paisagem melancólica, a chuva me forma uma crosta de ilusões, me fazendo acreditar que uma faixa de cores iluminaria meu dia.
Quebrando qualquer agonia.
Me fazendo fingir que o mundo todo não é como as lágrimas que embaçam sua imagem todos os dias.
Anoitecendo, mergulhando nas trevas, me deixando apenas a ilusão de um pouco de cor.
Porque não mereço um céu azul.
Na minha lápide, a noite eterna domina aquele olhar vazio.
Antes de se fechar como as portas e janelas.
Antes de se acabar como a vida e o mundo.

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