segunda-feira, 8 de junho de 2015

Desa(r)mada

Eu podia passar a noite toda aqui.
Escrevendo sobre lagrimas. Sobre as lagrimas.
Talvez isso vire romance. Para mim, só melancolia.
Enquanto lembro do sol refletindo em seus olhos.
Eu passaria a noite aqui.
Ouvindo prantos alheios.
Com nó na garganta, marca no dedo.
Vazio no coração.
Vazio nas mãos.
Música não corre mais pelos corredores.
As ruas vazias, algumas luzes nas ruas. Nos prédios.
O quarto vazio. Sou toda escuridão.
Eu acho que vou passar a noite aqui.
Soluçando, sem solução.
Perdida.
A carta que lhe dei, especificava.
Você é minha luz.
E minha luz há de partir.
Pois, pela primeira vez, escuridão não dá lugar para luz.
Eu ainda clamo por você, em silencio.
Corro atrás de ti, no canto do quarto.
Desarmada, eu me rendo.
Mas se me concede um ultimo desejo...
Apreciaria de novo, o sorriso gracioso o qual sou incapaz de trazer de volta.
Aprenderia a dançar, conforme o vento no seu cabelo.
Amaria mais, cada centímetro iluminado do teu corpo.
Daria menos por outra vida, quando os olhos da minha vida me cobriam.
Aprenderia que tu não é mundo e olharia mais pras estrelas.
Eu vou passar a noite aqui.

Hoje a noite, não há estrelas.
Nem nuvens, só chuva.
No meu rosto, no meu corpo.
Na minha mente.
Guerreio dentro de mim pra trazer de volta o teu beijo, de volta o teu corpo.
Mas meu amor... eles não são meus. Não mais.
Desarmada, "desamada".. eu me rendo.

Eu ainda lembro.

Eu ainda lembro.
Eram dias como aqueles. Manhã cinza, frio nos pés.
Se olhasse direito, podia ver sua pele cintilar na luz do amanhecer.
Ainda posso sentir a desarmonia nos nossos pés, ao dançar.
A harmonia, nos nossos sorrisos, ao errar.
Doce som era o teu riso.
Doce som era o teu violão cantando para mim. Como no primeiro dia. Como se fosse pra sempre.
E eu cantava de volta. Qualquer música era nossa.
Era mágico, era amor.
Eu ainda lembro.
Eram dias como aqueles, chuvosos, tudo era frio.
Choviam lágrimas. E todo toque parecia sangrar. Arranhar. Mutilar.
Meu bem, o que foi que eu fiz?
Foi a minha ambição ou sua ingenuidade?
Eu sou demais.. ou de menos?
Não, não. Por favor.
Não deixe de sorrir ao meu lado.
Porque não lhe faço mais bem? Será que já lhe fiz?
Ou sou incapaz de trazer felicidade a alguém.
Tanto companheirismo e morremos dentro de nós mesmos.
Tantas mãos dadas e vivemos longe um do outro.
Minhas sequelas, meus pesos. E minha vontade de te ver sorrir.
De ver de novo, o amanhecer por cima do seu ombro.
De sentir o seu cabelo bagunçado pelos meus dedos.
Eu ainda lembro. Eram dias de chuva. Mornos, serenos.
O jeito que me olhava, o jeito que ria.. mal falava.
Dançava mal, mas dançava feliz.
Me encarava como se o anjo fosse eu.
As explosões, as esquisitices.
Meu anjo, eu era a bomba.
Sequelas demais, peso demais.
E cada sorriso teu era tempo, segundo, precioso.
O que eu fiz, meu bem?
Eu detonei.
E ainda quero lhe ver sorrir.
Sorrir como sorria quando me via com o cabelo bagunçado.
Sorrir como sorria quando estava do meu lado.
Sorrir como eu não sou capaz de lhe fazer sorrir.
Nada mais é magico, nada mais é amor.
É só mais uma história e o sol por cima dos ombros.
Livres.
A mim, a noite. Eu ainda lembro.