domingo, 29 de julho de 2012

Ela me disse.

Noite serena aquela, poderia ser o fim de minha vida.
O brilho da Lua, clareava minha pele ao invadir meu quarto pela janela, tampouco aberta.
Deu-me um susto, o celular que quebrara momentos lentos, soando altamente.
Era o som de sua voz.
De sua doce voz, numa entonação extremamente fria.
O toque sonoro, completamente sem vida.
Eu poderia sentir suas lágrimas sob minha pele.
Ou apenas o suar frio do meu nervosismo.
Declarava-me o seu amor.
Declarava-nos o seu fim.
Dizia-me que teria que partir em breve. Sem me dizer o porque.
Quem sabe atrás de uma alma, em razão de um coração.
Desligou o telefone nas palavras doces da voz suavemente morta.
Desligou o telefone pouco antes da explosão bruta que, por muito pouco, ouvi.
E aquele foi o ultimo dia que a vi.
Lembro-me da manhã daquele dia, quando vi seus olhos brilharem ao me ver.
Quando senti seu abraço confortável, seu beijo calmo.
Foi o ultimo dia que a vi.
Mas sei que vou encontrá-la de novo algum dia.
E sei que ela me vê. Sei que me ouve. Sei que está comigo.
Pois é isso que ela me disse que os anjos fazem.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Eu perdi.

Sinto falta do teu amor,
o aceleramento do coração.
De estar perto dos teus sorrisos,
de tocar tua mão.

Dos sonhos que eu sonhei,
os vi quase se realizar,
hoje só tenho lembranças
de coisas que não quero nem lembrar.

Sinto falta dos dias calorosos,
do sol radiante.
Das doces melodias,
da chuva inquietante.

Rostos apagados,
eu não os vejo mais.
Sinto falta da felicidade,
mas já não me volta a paz.

Felizes eram,
aqueles sorrisos inconscientes.
O brilho em pureza
em um olhar inocente.

Vejo meus sorrisos atrás de mim,
toda vez que olho pra trás
toda vez que o vento contraria meu rosto,
toda vez que algo este me traz.

Lembro-me de sentir falta,
Dos abraços, dos carinhos.
Me sentindo desconfortável,
observando orvalhos caminhando sozinhos.

Fotografias picotadas,
memórias em vendaval,
as brisas pesadas contornam meu corpo
levam o bem e trazem o mal.

Queria eu ter de volta,
todos os risos que vivi,
ignorando todas as nuvens que hoje cobrem,
os raios que sem ver, eu perdi.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Frio.

Posso ouvir o zunido irritante do silêncio.
Posso ver a agonia transparente ao nada.
Tudo está frio.
O cigarro se apaga. As almas congelaram.
Diante do olhar gelado. Dos passos sem sal. Do ar de poucos graus.
Eu vivo dos que os ventos me trazem.
Da poeira de ontem, da poluição em histórias.
A música distante soa cada vez mais alta.
E qualquer ruido me incomoda.
Não quero abrir meus olhos, não quero andar. 
Quero me fazer de morta.
Como a criança birrenta que sempre fui, cruzo meus braços em algum canto, faço bico e espero alguém me tirar de lá. O calor da mão raivosa que agarrava meu braço.
Importância.
Eu cresci. Ou talvez, não. Talvez, sim. Talvez.
E isso já não faz parte de meus dias.
Os olhos já não brilham para mim. Meus olhos não brilham mais.
Quando tudo é uma escuridão, sem uma minima luz.
É sozinha que vago por gélidas ruas, deserta de consciência.
Aquela velha e fria esperança de encontrar alguém. Ou serão os frios ventos que me rodeiam?
Devia ter pego um casaco, mas gosto de me torturar.
E me jogo na frieza das ruas, das calçadas que exalam mortalidade.
Devia ter pego os sentimentos também, mas gosto de me matar.
Me jogo sem o brilho nos olhos.
E quando você é escuridão nas ruas, é apenas parte dela.
O túnel sem fim, nenhuma luz.
Atordoada, me perco.
Ninguém se importa.
Porque são ruas escuras.
Porque tudo está frio.

sábado, 7 de julho de 2012

Garota estranha.

Essa garota estranha.
Ela não quer se curar.
Vive da escuridão.
Que está sempre em si a habitar.
Essa garota estranha.
Sempre olhando ao chão.
Deixando suas lágrimas caírem.
E diz não ter coração.
Essa garota estranha.
Sempre sofrendo de dor.
De poucas palavras melancólicas.
Não tem medo da face do horror.
Essa garota estranha.
Se esquiva dos sorrisos alheios.
Se mantém as lágrimas internas.
Tenta não libertar teus devaneios.
Garota estranha.
Não consegue sorrir.
Não consegue amar.
Desorientada, mal sabe como seguir.
Talvez não tão estranha.
Talvez, apenas confusa.
Pobre garota perdida.
Tem a vida e não sabe como se usa.
Um pouco estranha.
Sua voz parece sangrar.
Calada e quieta.
Em silêncio, costuma se quebrar.
Não é tão estranha.
Ainda é bonita do jeito que é.
Espalhando suas dores por aí.
Como todo mundo a quer.