terça-feira, 17 de julho de 2012

Frio.

Posso ouvir o zunido irritante do silêncio.
Posso ver a agonia transparente ao nada.
Tudo está frio.
O cigarro se apaga. As almas congelaram.
Diante do olhar gelado. Dos passos sem sal. Do ar de poucos graus.
Eu vivo dos que os ventos me trazem.
Da poeira de ontem, da poluição em histórias.
A música distante soa cada vez mais alta.
E qualquer ruido me incomoda.
Não quero abrir meus olhos, não quero andar. 
Quero me fazer de morta.
Como a criança birrenta que sempre fui, cruzo meus braços em algum canto, faço bico e espero alguém me tirar de lá. O calor da mão raivosa que agarrava meu braço.
Importância.
Eu cresci. Ou talvez, não. Talvez, sim. Talvez.
E isso já não faz parte de meus dias.
Os olhos já não brilham para mim. Meus olhos não brilham mais.
Quando tudo é uma escuridão, sem uma minima luz.
É sozinha que vago por gélidas ruas, deserta de consciência.
Aquela velha e fria esperança de encontrar alguém. Ou serão os frios ventos que me rodeiam?
Devia ter pego um casaco, mas gosto de me torturar.
E me jogo na frieza das ruas, das calçadas que exalam mortalidade.
Devia ter pego os sentimentos também, mas gosto de me matar.
Me jogo sem o brilho nos olhos.
E quando você é escuridão nas ruas, é apenas parte dela.
O túnel sem fim, nenhuma luz.
Atordoada, me perco.
Ninguém se importa.
Porque são ruas escuras.
Porque tudo está frio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário