quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sorriso de mármore.

Entardece.
Palheta de cores noturnas, afundo a mim mesma na dolorosa tela branca.
São as ultimas luzes que atravessam suavemente a janela e se refletem ao meu redor.
A casa levemente iluminada.
Mas a melancolia que em mim habita é toda a escuridão imune.
E eu me cerco dos meus venenos.
Adoeço, mato e morro por mim mesma.
O sangue para na velocidade da agonia.
Quando o mundo da "menina de meus olhos" depende do gatilho que encara.
Aquele é meu tudo disparado ao nada.
Mas a rapidez do gatilho não acompanha o ritmo de um coração que não aguenta mais bater.
A tortura o muda por si.
Inércia que impede um fim, mas não impede as dores que o destino nos traz.
Nos golpeia e nos deixa pra trás.
Mas o tempo não tem tempo de nos esperar. É tão difícil levantar.
E fingir que as dores não existem.
Esculpe aquele sorriso e os mostra como a exposição que todos esperam.
Mas a dor acaba sendo uma droga que você injeta em si mesmo.
Que corre, queima e explode suas veias.
Mas tudo isso atrás daquele sorriso de mármore.
Mármore que você não quer deixar que quebre, mas também não pode impedir.
Porque, nem mármore nem você, são inquebráveis.
Mas com tempo vem novas artes, novas exposições, com novos valores.
E talvez mais resistência.
Mas nunca usa a eternidade no seu material falsificado.
E tudo isso por trás de um museu de antigas e ocultas lágrimas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Movimentos mortos.

Me sinto sozinha, mas não estou.
Vejo rostos desconhecidos.
Rostos formados por sombras no escuro.
Distorcem-se até se misturar com o que é trevas.
E se refletem em paredes brancas feitas do vácuo e o nada em seu redor.
Meus demônios me cercam e me torturam por dias.
Dias estes, intermináveis até então.
Sinto a presença da solidão, a falta de alguém.
Estes estão aqui e são minha companhia pelo tempo.
Meus passos sempre acompanhados de um abismo.
Minhas mãos preenchidas por sangue.
As calçadas, as ruas sempre cheias.
Nessa cidade movimentada por almas mortas e faces insignificantes.
E num bar qualquer, músicas sem voz.
Palavras incompreensíveis. Movimento inebriante de vultos tenebrosos.
Tudo o que importa é minha história e o martini que pedi.
Minhas companhias estão aqui, minhas cadeiras estão cheias.
Não, não pode sentar aqui. Tem gente.
Eu não preciso de gente aqui.
Tenho minhas companhias.
Minha dor.
Minha solidão.
Meu sangue.
E a história que nos envolta.
Sempre está aqui.
História que não estou sozinha.
Uma história de que o sangue é meu amigo.
E que na dor, não há perigo.
Essa velha história.

domingo, 20 de maio de 2012

Parei.

Eu não sei de mais nada.
Eu não sei se me importo com as pessoas. Não sei se tenho capacidade de me importar.
Não sei se amo ou se odeio. Não sei se sorrio chorando ou choro sorrindo.
Eu mal sei se sinto algo, ou se nunca deixei de sentir.
Eu não se estou viva ou morta, não faz mais diferença.
Eu acho que voltei.
Voltei aquela vida de morta viva que eu tinha.
Me enganando ao brincar de não sentir nada.
Fazendo meu papel de psicopata, sem arrancar aplausos.
Bons motivos constroem meu inferno.
E pouco me importo com o mundo que me cerca.
Até que alguém quebre essa casca, esta é minha atual teoria.
Por olhos inversos se perdem os versos.
Eu não tenho ninguém ao mesmo que não quero ninguém mas preciso de alguém. 
Eu não tenho nada ao mesmo que não quero nada mas preciso de algo. 
Eu não sinto ao mesmo que não quero sentir mas preciso sentir. 
Eu vivo ao mesmo quero morrer mas preciso viver.
Eu desisti de meus passos, dos meus palcos, topos e quedas. Eu desisti o meu caminho e do meu abismo. De minhas palavras e de minha letras. Meus sons, minhas vozes e meus gritos de guerra. Frente e inverso não existem mais. Eu desisti de viver. Mas desisti demais de mim para me matar.
Eu simplesmente acho que nada vale a pena. Mas como é só uma incerteza eu parei pra algo me encontrar e me dar a certeza do que vale ou não.
Eu parei no caminho. Eu parei as pessoas. Eu parei meu tempo. Eu parei meus versos. 
Eu simplesmente parei.




Brisas de histórias.

Cada tom da minha voz me dói.
Cada toque desfaz minha pele.
É dificil conviver com isso em meio a uma multidão.
Cada lágrima me traz mais dor.
E a dor me conforta. Me tortura. Me diverte.
Boas almas contém corações. Mas me matam suas boas intenções.
Constantes nostalgias do que nunca se foi.
Saudades do que nunca veio.
Meus momentos vem com o vento.
Fins alternativos no pensamento.
Minhas idades se passam em meus dedos.
Me canso de apreciar cada segundo que já se foi.
Que só me voltam com brisas.
Brisas que vem e uma hora, não voltam mais.
E só o céu na sua mesmice, traz suas mudanças ao meu dia.
Mas é dificil adorar algo que você já sabe que vai acontecer.
Esbarro agua contra fogo, pela mesma monotonia a se ter.
E o vácuo da sala me faz um movimento de camera lenta.
Para detalhar cada passo, em meio a escuridão.
Para enxergar cada olhar a lugares desconhecidos por um dia.
O mesmo sangue corre em minha veias. O mesmo coração bate.
As mesmas lágrimas correm. A mesma dor permanece.
A mesma vida de mesma história transcrita em palavras novas.
Mas até quando se encontra um sinônimo para o mesmo?
O mesmo piscar de olhos. Os mesmos segundos de agonia.
A mesma noite em prantos, o mesmo passado de mais um dia.
Os mesmos vultos. As mesmas paranóias da mesma garota louca.
Em apenas mais um dia, da mesma vida dela.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Masmorra.

Quando foi que palavras bonitas viraram lágrimas?
Ou que boas lembranças viraram motivo de tristeza?
Sinto falta dos sorrisos que fizeste presenciar meu rosto.
Das iniciais e corações que ocupavam minhas mãos, agora, vazias.
Das constantes quebras de linhas de raciocínio pela lembrança do teu nome ou tua voz.
Das noites de insônia inebriantes por um coração palpitante.
De história e momentos que um dia inundaram minha mente. Nos quais eu me pegava pensando, repentinamente.
Da tal felicidade que um dia pensei ter encontrado. Ingênua.
Sinto falta de você, da sua alma e coração. Mas parece estar enterrados por baixo de uma areia de uma ilha que eu não conheço.
Me peguei em frente ao espelho com músicas lentas nos pés em ritmo de uma pequena cascata com que castiguei meu rosto.
Lembrando de bons momentos e percebendo então, que fui a unica a realizar nossos sonhos. O que é uma pena... eram tão bons.
Mas puxei as correntes e destruí a parede de um castelo, o qual estive mantendo sozinha com minha vida, por algum tempo.
Não salvei os tesouros, mas não importa. Pois tudo agora é a sua masmorra. Onde estarão eternizados as memórias e dores. Você. Eu. Nós?
Nossa ponte está em pedaços e só há espaço para um.
Não se preocupe, sabes que te amo e sempre penso em você.
Virei te visitar e até lhe deixarei flores quando morrer.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desastres da ignorância.

Portas trancadas.
Janelas empoeiradas.
Chão sem vozes.
Nada de passos.
Calçadas vazias.
Ruas dizimadas.
Sem som. Sem musica.
Ignorada e esquecida.
Ela caminha por uma cidade fantasma.
Bombas de ódio a fizeram e transcreveram esse momento.
Todos mortos.
Ela, desorientada.
Desastres da ignorância de alguém.
Ela questiona e só ouve o eco por sua mente. De sua própria voz.
Se a guerra fosse uma opção, neste momento, ela havia dito não.
Mas não dá para mudar uma causa, quando já se tem sua consequência.
E atrasar relógios já não adianta mais.
Fotos que derretem rostos. Destroem momentos.
O cenário irreconhecível.
E assim que ela continua.
Apenas esperando a próxima bomba que venha contra si.
Admirar o próximo funeral.
Flores mortas no próximo tumulo.
Tumulo este perdido. Perdido e sem lugar.
Porque agora, o mundo é seu cemitério.
Mais ódio. Mais guerra.
Mais passos.
Apenas esperando a próxima bomba de ódio.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Explosão de dor.

Mais uma série de lágrimas.
Mais uma série de dores.
Mergulho ao passado e enxergo erros transcritos ao fundo da linhas mais tortas e confusas.
A cada erro, meu ou não, uma parte de mim se desfaz e escorre dos meus olhos.
A cada lágrima um pouco de força se vai.
E quando finalmente me desfaço, o meu resto destruído se deixa ao chão.
Minhas mãos correm rosto a cima e se prendem em meu cabelo.
E são muitas dores que tento aguentar.
Apenas tento.
Até explodir.
Explodir em frente ao espelho me permite uma imagem tortuosa.
Minha boca se fecha. Aprisiono minha dor.
Malandra, rouba o brilho dos meus olhos.
Em um piscar de olhos, os vejo em cor de sangue.
Uma poça de sangue sem brilho.
E logo o retoma deixando escapar suas prisioneiras.
E se vai em sangue sem cor.
Sangue por que dói.
Prisioneiras que deixam rastros.
Em meu rosto, em meu travesseiro.
Em meu livro.
Em minha história.
E esta é de mais uma vez que me desfaço.
Me desfaço em pedaços.
Por uma explosão de dor.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Eu, ela.

Em roupas sóbrias ela se monta.
Numa maquiagem natural de um rosto perfeito, eu a vejo.
Em enorme silêncio, escuto sua voz.
No escuro, vejo seus olhos brilharem.
Na raiva, vejo sua beleza.
Na tristeza, vejo minha dor.
Na felicidade, tenho nossos sorrisos.
E só nos falta nosso amor.
Vejo o espectro solar a cada centímetro do seu ser.
E ela os reflete dando o arco-íris a minha vida.
Extremidades por aí, a vejo isolada.
Calma, quieta e calada.
E por mais silenciosa que seja, seus passos me dão a mais linda melodia.
As batidas do seu coração, a batida perfeita.
Certa vez que me vejo nesta sala.
Cheias de manequins. Dançando com a maior variedade de vestidos. São apenas vitrines. Vitrines sem mente. Sem alma. Sem vida.
É como se estivesse sozinho. Mas eis que as luzes do salão se apagam. A balada se silencia.
Posso ouvir aquela melodia. E logo vejo seu sorriso iluminando todo o lugar que apenas para mim se apagara naquela hora.
Os holofotes são meus na hora que me lançou seu olhar.
A festa é minha, quando vem na minha direção.
Ela passa despercebida na multidão.
E, por fim, no beijo nada mais está lá.
Eu, ela.
Só o meu mundo está lá. E está segurando minha mão.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Corações banais.

Arte desrespeitada.
Grafite inocente pelas mãos de um vândalo.
Vandalismo a alma de um.
Corações não muito diferentes de desenhos e almas por aí. Vazios.
Mais alguns rabiscos seguem alguns sorrisos.
E outros, rachaduras.
Muitos por aí, se desfizeram em cacos. Outros são pó. Alguns não existem mais. Ou nunca existiram. E não nascerão de novo.
Alguns tem a si um pouquinho de cor. Outros contém sua ausência.
Alguns são ingênuos e outros estão esgotados.
E o meu se parou para se importar com o teu.
E aos poucos se esvaece.
E aos poucos se espaireceu.
E aqui estou, caída no meu próprio rio. Raso, para que me atinjam minhas próprias pedras. Para que me alcance o fim rapidamente. Rapidamente ao seu chão.
Rio de lágrimas esse enquanto me recordo de sorrisos. Estes velhos sorrisos incansáveis, que nunca foram eternos.
Sorrisos estes que tive do seu lado, por seus toques, inspirando-me por cada detalhe teu. Que hoje deixo por me matar.
Palavras que me faziam bem, agora me mantém doente.
Deu-me a cura e a morte mais doce.
Não podia lhe odiar, mas agora já não somos um só coração.
Somos duas metade de um brutalmente separadas e deixadas a sangrar. E a maior metade sobrevive. A menor apenas fica ali.
Amando nós dois. Odiando você. Sendo eu.
Aqui estou. Assim estou.

Alvo inocente.

Estava ali parada.
Estava como um alvo.
E como um alvo, foi acertada.
Por flechas que expeliam veneno.
Foi infectada.
Em efeitos reversos, se distorciam os versos.
As palavras nada mais diziam. Nada soavam.
Ensurdeciam as bocas de quem falava.
Um olhar que espalha o caos em um segundo.
Uma voz de ódio, frases de amor.
Retorciam-se os sentimentos, contorcia o corpo.
Torturava-lhe a alma.
E a chuva parecia queimar ao livrá-la de toda sua morte e dor.
Via várias de si por ruas e lugares que não conhecia.
Antigamente, em sorrisos. Hoje, em lágrimas. E o futuro não se via mais. Por não existir sem estar ali.
O amor que a matava, continha a se mesma. Sempre se deixando sob tortura.
Tinha medo do que a cercava. Quão melhor era, mais tinha que se destruir.
De si, não libertava o caos. Não podia destruir a luz que estava ali. Que não via, mas sabia que estava ali. Por vezes, em sorrisos, via a se refletir.
O brilho alcançava as lágrimas, mas não as destruía.
O que aumentava todo o teu arsenal de dores memoráveis.
Esgotada, caiu ao chão.
E estava lá, deitada.
No meio da chuva, parada.
Na rua, largada.
Esperando apenas o próximo carro.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cada passo.

Isolada em uma sala, dependo de vozes para me mover.
Os passos que me conduzem não são meus.
Pés seguem notas de um piano anônimo debaixo de cobertas.
E eu não ligo.
Sonambula e mistificada.
Apenas não quero saber para onde minha vida vai. Porque já sei o seu fim.
Trago as dores e problemas, armazeno-as em meu peito e liberto-as, deixando que repousem no ar de cada casa. De cada lugar. De cada rua. De cada passo.
Ouço as palavras que se trituram em minha mente.
Destroem meu coração. Mas apenas uma vez.
Pois não podem destruir o que não existe.
As cinzas do destruído sai com as dores e se espalham por aí. 
Vão e voltam por meu corpo mórbido. 
E eu não ligo.
Anestesiada.
Vejo o pó do resto de mim que já se foi. Se diluem em águas tentadoras.
Mas não me deixo afundar nelas novamente.
Observo isso de cima da ponte.
Simplesmente passo por cima delas.
Como sempre fiz. Como sempre faço.
A cada vida, a cada passo.

Acordei bem.

Hoje acordei bem.
As dores haviam passado, as lágrimas haviam secado.
Me alimentei de sonhos e acordei com a luz suavizando meu rosto.
Hoje acordei bem.
Depois de uma madrugada vagando por aí.
Com dores imensas se debatendo por fim.
Com lágrimas correndo por tudo que se encontra de mim.
Hoje acordei bem.
Depois de me machucar.
Depois de sangrar até morrer por dentro.
Depois de me matar.
Hoje acordei bem.
Ao escrever palavras de angustia e agonia.
Depois de não querer ver um novo dia.
Revirando na cama, a noite o trazia.
Hoje acordei bem.
Ao sonhar com teus sorrisos.
Alegria tardia.
Se refletiu no meu dia.
Hoje acordei bem.
Lembrando de todos os momentos.
As noites ao relento.
Os beijos mais lentos.
Agora está tudo bem.
Lembrando apenas do ontem.
O passado que me contém.
E o que você destruiu.
Mas hoje eu acordei bem.
E isso é tudo o que importa.
Até que eu esteja morta.
E não possa mais acordar.
E você não possa mais dormir.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Partículas de luz.

A calma. Me acalma a lentidão de cada segundo.
Os amontoados de cada partículas. Por imaginação, por pouco consigo as enxergar.
E então vejo o mundo de vidro que formam.
Vejo o sol sendo censurado injustamente por alguns prédios injustamente, ao tempo que ainda luta pelo teu lugar nos brilho dos olhos de uma pessoa qualquer. Clama por tua atenção.
Mas nesse mundo, só habito eu.
Deslumbrada por tal paisagem, saio de mim e só vivem os meus olhos.
Sons de um programa da tarde qualquer. Mas eu não dou a minima. Posso ouvir os sons daquela imagem.
E algo tão rotineiro, consegue ser tão perfeito.
Uma obra de arte rara, fora de tela.
Que tampouco brilha através de algumas camadas de janelas.
E ainda consigo ver uma dança mágica entre cada de várias partículas de um raio de sol.
E consigo sentir um sorriso, que levemente esbarra em meu rosto e o contagia, se fazendo ao que se desfaz em seu meio. Mas eu não dou a minima. Vejo o sol sorrindo pra mim.
Hipnotizada, parto em passos em direção a um paraíso cotidiano.
E sem tirar os olhos da tinta, dou o acabamento da mais bela pintura que já vi, feita pela natureza.
Me liberto deste mundo de vidro, em paredes quebradas liberto-me a alma, liberto-lhe os raios fazendo de mim tua vitória-régia.
E me deixo mergulhar e afundar em teus raios ao me encontrar em pontes que não existem.
Roubei um pouco de tua atenção. Iluminaste meu sangue. Foste o caminho para minha alma enganada.
Mas acalma-te. Terás teu brilho de volta amanhã de manhã.
Por que todos tem seu final feliz.