quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sorriso de mármore.

Entardece.
Palheta de cores noturnas, afundo a mim mesma na dolorosa tela branca.
São as ultimas luzes que atravessam suavemente a janela e se refletem ao meu redor.
A casa levemente iluminada.
Mas a melancolia que em mim habita é toda a escuridão imune.
E eu me cerco dos meus venenos.
Adoeço, mato e morro por mim mesma.
O sangue para na velocidade da agonia.
Quando o mundo da "menina de meus olhos" depende do gatilho que encara.
Aquele é meu tudo disparado ao nada.
Mas a rapidez do gatilho não acompanha o ritmo de um coração que não aguenta mais bater.
A tortura o muda por si.
Inércia que impede um fim, mas não impede as dores que o destino nos traz.
Nos golpeia e nos deixa pra trás.
Mas o tempo não tem tempo de nos esperar. É tão difícil levantar.
E fingir que as dores não existem.
Esculpe aquele sorriso e os mostra como a exposição que todos esperam.
Mas a dor acaba sendo uma droga que você injeta em si mesmo.
Que corre, queima e explode suas veias.
Mas tudo isso atrás daquele sorriso de mármore.
Mármore que você não quer deixar que quebre, mas também não pode impedir.
Porque, nem mármore nem você, são inquebráveis.
Mas com tempo vem novas artes, novas exposições, com novos valores.
E talvez mais resistência.
Mas nunca usa a eternidade no seu material falsificado.
E tudo isso por trás de um museu de antigas e ocultas lágrimas.

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