sexta-feira, 4 de maio de 2012

Alvo inocente.

Estava ali parada.
Estava como um alvo.
E como um alvo, foi acertada.
Por flechas que expeliam veneno.
Foi infectada.
Em efeitos reversos, se distorciam os versos.
As palavras nada mais diziam. Nada soavam.
Ensurdeciam as bocas de quem falava.
Um olhar que espalha o caos em um segundo.
Uma voz de ódio, frases de amor.
Retorciam-se os sentimentos, contorcia o corpo.
Torturava-lhe a alma.
E a chuva parecia queimar ao livrá-la de toda sua morte e dor.
Via várias de si por ruas e lugares que não conhecia.
Antigamente, em sorrisos. Hoje, em lágrimas. E o futuro não se via mais. Por não existir sem estar ali.
O amor que a matava, continha a se mesma. Sempre se deixando sob tortura.
Tinha medo do que a cercava. Quão melhor era, mais tinha que se destruir.
De si, não libertava o caos. Não podia destruir a luz que estava ali. Que não via, mas sabia que estava ali. Por vezes, em sorrisos, via a se refletir.
O brilho alcançava as lágrimas, mas não as destruía.
O que aumentava todo o teu arsenal de dores memoráveis.
Esgotada, caiu ao chão.
E estava lá, deitada.
No meio da chuva, parada.
Na rua, largada.
Esperando apenas o próximo carro.

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