quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dias passados.

O mundo se desfaz por entre dedos.
Diante dos nossos olhos, imperceptivel as nossas mentes distraídas.
Um mundo doce, um pequeno paraiso.
Se faz nuvem de sonho nos olhos de uma menina, hoje mulher.E quando olhamos pra trás, só sobram as poeiras, traços da saudade dos dias de ontem.
Um dia lindo, um dia comum.
As lembranças vem, nos fazem lembrar de dores, muitas, mas nos lembram risadas que não voltam.
Sobras, olhares, sorrisos, somem de um em um.
E no lugar, ficam ruinas dizimadas de um passado feliz.
Diante do dia as sombras do passado alegre te perseguem.
De noite, as estrelas se fazem lembranças do céu.
Cada estrela uma memoria, uma lembrança de uma data feliz.
Contando estrelas, lembranças boas surgem novamente.
Um sorriso na voz de alguém, um olhar no coração.
As palavras um dia ditas, jogadas fora, marcam os ecos da mente.
A memoria dos erros, das escolhas, voltam a atormentar.
Escolhas boas, ruins.
Os dias desordenados do diário.
As lembranças contrastando com o vazio do lado.
Um vazio escuro, uma saudade imensa, pessoas que não estão mais aqui, momentos que lhe faltam.
Parece uma vida vazia agora.
É uma vida vazia agora.
De uma mente cheia de lembranças.E os dias desordenados agora.. para onde vão sem os ter?

(Mrs. J e Butterfly - http://feitodeborboletas.blogspot.com.br/)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Incapaz.

Fixação.
Da tristeza em mim.
Das lágrimas ao meu rosto.
Enquanto inalo toda a arrogância que está no ar.
Me preencho do vazio.
Encho minha boca de mentiras enquanto tenho a verdade entalada na garganta.
Sofro calada, pois é feio falar de boca cheia.
Me engasgo, mas permaneço no silêncio, evitando constrangimentos.
E ainda assim, a causa da morte é o sorriso.
Já viu alguém morrer de sorrisos?
Pois é assim que me mato todos os dias.
Segundo por segundos.
E tudo o que me flui são dores.
Sangue fútil, vazio, se vai e deixa meu corpo gélido aqui.
Cheio de dores assassinas.
Mas por estar morta, me finjo não sentir a dor.
Essa atriz mórbida eu sou, sempre os melhores espetáculos.
Cerro minha cortina com a dor do silêncio.
E caminho ao canto escuro, desse palco incapaz de alegria.

domingo, 10 de junho de 2012

Ei criança.

Ei criança.
Pequena criança.
Os raios de sol anunciam tua hora de acordar.
Um novo dia tortuoso está a chegar.
Pegue tuas forças e se apresse para estudar.
Ei criança.
Não vá se atrasar.
Não fale com estranhos, não deixe a rua te amedrontar.
Vá enquanto tua ocupação é só observar.
Ei criança.
Não seja impaciente.
Tens pouco tempo com essa gente.
O tempo passa tão rápido quanto uma pessoa mente.
Criança, ei.
Não brigue, não faça mal.
Se é ruim, não seja igual.
Cada ato é consequencial.
Criança, não!
Não quebre mais as vidraças.
Não deixe que o sorriso se desfaça.
E não permita cair a lagrima que se disfarça.
Criança, veja.
Cresces tão rápido, mais riscos vem a parede.
Suas roupas não mais cedem.
O mundo não tem mais pena de teu pobre coração.
E as pessoas também não.
Criança, preste atenção.
O mal segue teus passos.
Mas mostre do que é a armadura que lhe faço.
Seu corpo é de carne, mas sua alma é de aço.
Ei criança, não há porque de se assustar.
Se prepare, pois terá de lutar.
E a coragem é a melhor arma a se usar.
Mas criança, nunca se esqueça.
Mesmo sendo adulto, não deixe que a criança desapareça.
E que seu sonho se esvaeça.
Pois é frio lá fora.
E em alguma hora,
O sonho para ti será,
o melhor lugar para se abrigar.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pedaços perdidos.

Sanidade inconsciente.
Ela se perde no seu mar de danos.
Se faz parte do seu mundo de insanos.
Se rasga e se destrói.
O seu mosaico de um coração. Se deixando apodrecer e cair em pedaços.
Até que um por um, todos se despedaçam ao chão.
E seu coração nada mais é do que cacos.
Arte de vidro, quebrado em cacos, espalhados com a poeira de memórias ao vento.
Sorrisos dispersos por avenidas alegres, fora das quatro paredes.
Mas sua vida não segue o ritmo feliz da melodia.
Sua alma parece ter fugido, mas não se sabe sua identidade.
Desgraças por piadas, se embriaga com risadas.
Mas sabe que a ressaca do dia seguinte, é a melhor de suas dores.
A porta de casa era um novo mundo, mas em cada esquina, haviam memórias por distrações.
Tão pequena, perdida pelo abaixar das asas de um anjo.
Ela liberta seu próprio demônio. Mas jamais se deixa cair ao inferno.
Seus sonhos a levam ao paraíso. Livra tua menininha pura da escuridão. Dá-lhe asas.
Da escuridão dos olhos fechados. Do dilúvio ao travesseiro.
E ao acordar, é um passeio ao meio termo.
E todo passeio tem sua hora de voltar.
Até que se acabem os passos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Caixinha.

Por uma luz dispersa, me encontro.
Mas a escuridão encobre meu rosto.
O que vejo não sou eu.
E não sei como se tornou assim.
Mas aos poucos me trituro e vou me tornando mais uma partícula de angustia do tudo-nada ao meu redor.
Essas partículas de mim que não conheço.
Agitadas, atordoam o que se faz em calma.
Difícil conter tanta coisa num lugar tão pequeno.
Mas, por ser variado, se faz grande. E me faz perdida.
Perdida.
No meio de toda confusão a si própria, procurando seu rosto.
Vozes distorcidas nos mais vários do tons me enlouquecem.
Mas eu não consigo distinguir a loucura do normal.
Não consigo distinguir o eu dos meus afins.
E embora minha expressão paralisada transpareça serena.
Ela não é real. Nem mesmo minha.
Eu devo ter me perdido por aí.
E continuo a me procurar.
Mas é difícil me achar nessa caixinha, tão cheia.
Cheia de partículas de mim.
Do eu que não conheço.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Madrugada.

Observo essa madrugada chuvosa.
Dançando com os dedos pelas bordas da janela.
Sinto teu gelo na ponta dos meus pés.
E não posso parar a chuva que ocorre em meu rosto.
O céu dos meus olhos se fecha e inundo meu corpo com ela.
Madrugada, queria ser como ti. Fria.
Tuas dores caem e pesam sobre a cabeça de quem lhe ignora.
Bela madrugada és.
Brilha com estrelas no céu e tua chuva brilha no solo quando se transforma em orvalho.
Posso me ver como ti.
Chorando para todos verem e ninguém se importar.
Repentina e espontânea.
Sem precisar de um porque.
E depois de ti, vem um arco-íris ou um novo dia, quem sabe.
E são novos dias, até que chova de novo.
Sem saber qual será o próximo a receber tuas imparáveis gotas.
Madrugada, porque tanto chora e do nada?
Será porque está ali enquanto todos dormem.
És tão desvalorizada.
Mas fria como é, suponho que não tenha um coração.
Algum dia, poderei me ver como ti.
Porque espero que um dia, eu também não.


Ferro e ouro.

O tempo se passou.
Tão rápido, vulto inalcançável.
Empoeirou meus tesouros.
Tesouros que já não brilham mais, pois o Sol não atravessa as janelas cegas.
Porta de rachaduras infinitas, mas que nunca se abrem.
Um canto escondido e úmido.
Me dá a vida e a sensação de morte.
Eu só queria o Sol para secar as lágrimas de minhas roupas.
Para me fazer brilhar os olhos.
Para me fazer ressuscitar a alma.
Cascatas me derrubam e não me deixam levantar.
Porque tudo não para de cair.
E o tempo não para de correr, e eu o deixo escapar, derrotada por tuas consequencias.
Se eu era de ferro, lágrimas me enferrujaram.
E hoje eu não sou nada.
Desvalorizada sucata.
Mais um pedaço de lata.
Sendo chutada por aí. Sem utilidade, sem valor.
Mas infelizmente, hoje tenho coração. Coração de ouro. Que não enferruja.
Muito valor inútil.
E então chego a uma conclusão:
Ferro e ouro não combinam.
Eu e coração também não.