sábado, 2 de maio de 2015

Chuva.

Em dias assim, as tragédias acontecem devagar.
Todo passo é devagar.
Mas tão devagar que a emoção passa.
O sangue nem corre.
A dor tão rápida que nem vem, só arrepia.
Em dias assim, tudo são cenas de filmes.
Filmes reais de dias de mentira.
Dias assim.
Em que tudo é fotografia.
A bagunça rotineira, a chuva do backstage.
É tudo produzido.
E tão real, nem parece.
Tão doloroso, nem crédulo.
Se afaste.
Ou dê um abraço.
Na sensação de morrer acordando.
Mergulhando em puro quê.
Trilhas sonoras de silêncio ritmado.
Ó melodia cruel, cruel o dia.
E o teto.. ele sangra também?
Olho. Espero. Respiro. Não mais.
Ou será só mais uma chuva pra complementar a dor que não vem?
Arquitetado e produzido pelo imprevisível.
A eterna agonia que ninguém sente.
Ou de não sentir.
Não se sentir nada. No meio de tudo.
No meio de quê. Sendo tudo ou nada.

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