quarta-feira, 14 de março de 2012

Ruas suicidas.


Entra. Fecha a porta e grita em almejo de liberdade mental.
Senta-se. Passa seus dedos trêmulos e os entrelaça nos cabelos por angústia.
Sua vida vai caindo a cada momento atormentador, num abismo sem fim com a dor de atingir o chão.
Na correria, pega algo e sai porta a fora.
De cabeça baixa, mãos nos bolsos, desacelera o passo. Sua vida em segundos reviram sua mente.
O telefonema daquela empresa que nunca chega, seus problemas, dores, acumulando e não ter onde deixá-los escapar.
Não ter pra onde escapar.
"O que está acontecendo?"
De canto dos olhos, se vê no seu sonho de infancia refletido no sorriso de uma criança.
Sorri. Mas o que há pela frente, é muita escuridão para pouca luz. Apaga-se o sorriso.
"O que está acontecendo?"
E por toda a cidade, anda com pernas quase se quebrando, dolorosas na intenção de flagelo, mas sendo diluído pelo brilho dos olhos de outros.
Os jovens que se amam, as crianças a correr. As risadas, os olhares apertados por sorrisos.
Tudo isso a conforta ao tempo que a mata.
Olha então para seus pés e realiza. Tinha seu unico objetivo de viver e fracassou. Deu a perceber sua, somente, existencia.
Se já estava no fim, só lhe restava o ultimo ato.
Se vê, então, numa rua sem saída. Se vê no fisico da sua vida. Rua deserta, palco vazio, siga a voz secundária do roteiro. Faça o que ela diz.
"O que está acontecendo?"
Pela ultima vez, seu protagonista, ainda confuso, repetiu.
Pegou sua passagem para o fim. Pôs levemente em sua boca e, com um barulho alto mas não tão estranho, tudo se desapareceu. Ainda se deu o ultimo sorriso.
E aquela frase que tanto ecoava em sua mente, logo, escorriam numa parede qualquer. Breve, entalhadas em uma pedra, talvez.
Um telefonema, boas noticias na ponta da lingua de alguém.
Batidas na porta de mãos que seguem flores.
Mas ela já não está mais em casa.

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