Há quem diga que respeita a diversidade. Mas há também quem
não seja socialmente educado, ou simplesmente não tem o prazer de apreciar...
Contradições. Sempre
bem-vindas nesse mundo.
Numa sociedade padrão, anormalidades ou simples diferenças
são algo inadmissível para sua crença ou aceitação.
Talvez os humanos evoluíram e desses 10% que usam do cérebro, passaram a usar
menos. Talvez todos são daltônicos desnorteados e intolerantes a qualquer
diferença ou defeito captado pelos olhos.
Incrivelmente desenvolveram a falsidade a exatamente tudo, e
o ato de mentir não é mais um pecado, muito pelo contrário. Hoje em dia já que
quem mente está no poder, o exemplo dado aos mais novos é tão intolerante e
sínico quanto o que os exemplos estão dando aos mais novos.
Quem sabe a nossa realidade não foi cientificamente alterada
e estamos todos sendo iludidos por capacetes especiais postos em nossas cabeças
com chips que modificam nossa visão, olfato, paladar, tato e audição, e estamos
vivendo num mundo tomado pela incompreensão da vida?!
E se simplesmente nada disso estivesse acontecendo e na
verdade eu sou apenas eu numa realidade imaginária criada na minha onde vivo?!
Talvez o rumo do que falo tenha mudado, mas precisava dizer
isso, para os desavisados da vida acordarem de uma vez.
Os humanos, num padrão comum, ignoram qualquer coisa
inferior ao pensamento deles. Pouco se importam com o que está ao lado, frente,
cima ou até em baixo deles. Ao menos que “isto” não os incomode.
Num mundo onde devíamos pensar em quem somos antes de tentar
ser o que não há como escolha, acabamos indo por impulso, sem pensar no que
aquelas palavras, aquele som tão diferente para outras etnias, países ou até
planetas acaba mudando tanto o passado de um pretérito, mas tampouco um
pretérito de um futuro.
Talvez o problema seja o presente. Se um milésimo atrás foi
o pretérito, o próximo milésimo será o futuro. Diante disto podemos dizer que o
que você vez ontem, na verdade numa contagem diferente continua sendo hoje. O
tempo nunca acaba antes que você possa muda-lo. Um ano é pequeno comparado a um
milênio. Podemos dizer nesse conceito que ainda estamos no presente deste
milênio, e que só no milênio passado foi o pretérito que tanto falamos. Mas em
contagens maiores talvez o nosso presente nunca tenha sido o presente e o
futuro pode continuar sendo o passado enquanto o presente nunca existiu. Se
devemos pensar no futuro para solucionar o presente, então para que há este
intervalo?!
Num conceito totalmente estranho como a quadratura do
círculo, com coisas tão lisonjeiras ou até maleficias, fica difícil distinguir
entre duas pessoas totalmente iguais qual é a verdadeira.
Num quebra cabeça mental, os neurônios são as peças, mas depende
de você montá-las ou não.
Lembranças diversas, cada som, cada cheiro, cada imagem...
Vem-te a mente a cada momento em que uma peça é juntada. Sem imagem para te
ajudar a montar, você tenta sozinho.
O resultado final é esplêndido! Todos adoraram a sua peça de
teatro, todos estão aplaudindo de pé. Mas sempre haverá críticos apontando
defeitos mesmo que tudo esteja mais impecavelmente possível.
Numa sociedade padrão... Ninguém é reconhecível.
Numa sociedade padrão... Nenhuma perfeição é cabível.
Mudanças? Já se foram a muito tempo. Diversas em vão, mas
talvez algumas ainda andem por aqui.
Medo? Resta-nos em pé.
Numa caminhada contra a lei da gravidade. Num pensar da
quadratura do círculo.
Onde os sentimentos lisonjeiros sumiram de vez.
Numa estampa acinzentada ouviu-se um barulho de uma caneta
esferográfica colorida. Todos reconheciam o som e a cor. Mas não eram todos que
queriam perceber. Enquanto as crianças ingênuas se aproximavam com suas roupas
sintéticas, os mais velhos só arriscavam algumas olhadas rápidas. E então a luz
do sol entrou sobre os vitrais acendendo a escuridão. Os passos de robô viraram
os passos mais belos do mundo. Então as canetas criaram vida pintando tudo o
que era cinza por ali. Ninguém estava preparado para isto. Fugiram, correram o
mais rápido possível. Enquanto aos que resistiram, deliciavam com as cores.
Num livro onde não há gravuras, apenas a imaginação de uma
criança pode fazer um simples livro virar outro mundo. Num lugar onde não há
portas para um país distante, piratas em navios voadores e um buraco de coelho
encantado a imaginação apenas fica quieta na sua mente.
Basta qualquer desfecho e sua mente cega abre os olhos. E
então sua imaginação voa no ar.
Sonhar nunca foi demais.
(Jho Brunhara)
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