terça-feira, 24 de abril de 2012

Topos e holofotes.

A dor em meu peito acorrenta quaisquer palavras em minha garganta, bloqueadas por um nó de lagrimas nunca reveladas, jamais podendo fluir.
Num mundo imundo perdido, jamais veremos novamente a luz. Talvez por que não abrimos os olhos, ou talvez porque ninguém deixa-nos abrir.
Ouço doces sons, melodias suaves perdidas num céu infinito que agora me envolve em escuridão. Como aquele cantinho frio de meu quarto, as ruas se tornam o refugio de minhas lagrimas.
Até onde e quando isso vai dar? Percorro minha ou nossa caminhada?! Ou sobes, ou você é a escada.
E de cada passo lento que dou, minha escada se desfaz, me derruba de meu pedestal. O tempo corre, a vida corre, as pessoas correm, falta de ar. Me sinto desnorteada. Vivo em vertigens.
Toco sua mão, você some. Por que agora alguém está apoiado em meus ombros? Um movimento brusco, e sou esmagado por inúmeros sonhos inalcançados.
Me toco ao chão, me sinto o impacto. Deixo minha mão escorregar em meu rosto, capturando a ultima lagrima que, como orvalho, escorre em meus dedos...
No fundo deste poço de sonhos, vejo almas mortas, as bases dessa escada injusta. Por quanto tempo algumas pessoas terão de aguentar o peso do mundo em seus ombros?
A recusa do meus pés atrofiados, cravados ao chão, de levantar. Tento com todas as forças, não sei mais de onde forças tirar. E por mais que tanto eu tente, jamais é o suficiente.
Visualizo sonhos materializados de imaginações e visões distantes, hoje quase inexistentes. As deixei escapar.
E num choque de realidade, a imagem solitária na minha frente faz com que a primeira lagrima escorra.
Minha vontade é me deixar levar por qualquer correnteza ingênua. Até onde eu pararia, ao menos se quisesse tentar?
Num lugar de sonhos tortuosos, talvez. Mas a dor nunca me teve de algo tão bom..
Como criança, me machuco e teimo em repetir o erro para sentir as melhores emoções da dor.
Dentre frestas da fechadura, são pequenos raios de sol que fazem cintilar um risco estreito de sangue.
Tenho que abrir a porta para mais um inicio da mesma vida.
Tenho que abrir a porta e me livrar da escuridão.
Mas privo a mim mesma da chave.
Tenho que abrir a porta para ver cintilar mais um caminho estreito. Um que eu possa trilhar com meus pés, e não, com lâminas.
Trilhar um caminho de luz.
Porque não há nada de um palco, sem seus holofotes.
E não há nada dos holofotes, sem algo a iluminar. Que iluminem então cada passo de um espetáculo.
E só depende de mim, abrir a porta.

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