terça-feira, 24 de abril de 2012

Oceano de tinta.

De um papel qualquer, extraio a minha vida em forma de lagrimas cor de tinta. Sem vida, se rasga. Sem vida, não é nada. Sem vida, não sou nada. Enquanto extraem de mim, a sensação de estar viva.
Oceano negro, te observo. Tu que carregas tantas canetas estouradas e borrões diluídos de corpos anônimos. Tão imenso, ainda é capaz de guardar a si tua vida, existência e pouco de tua pureza. Sorrisos estes, brilhos de perolas ao seu fundo.
E é a sua beira, que reflito e procuro minhas pérolas, então, furtadas.
Sinto o sol lentamente fulminar minha pele. É como uma das mais dolorosas das artes. Não importa muito a mim, se por dentro já me sinto em chamas.
Um vaso que carrega cinzas.
É só a casca com o que resta de mim. O que foi destruído e nunca será restaurado. Porque ninguém se importa. Mas eu também não.
Largada numa ilha para ser resgatada. Mas nem tudo é como queremos e fui posta a morte.
Membros e sentimentos amputados. Amaldiçoada por mim, para testar a minha capacidade, que não é pouca. Testar a mim mesma e o valor da minha própria vida.
Mas ninguém se importa.
E sem vida... nem eu.
Não quero. Não posso. Não vivo. Não morro.. não me importo.
Disseram dessas, as ultimas palavras da caneta que caiu de uma mão gélida, espalhando apenas mais uma mancha no oceano de tinta.

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