terça-feira, 24 de abril de 2012

Arte de passos.

Viajo mentalmente por ruas desertas sem sonhos. Sem memórias. Alguns pesadelos dispersos, talvez.
Inocente, perdida, vejo multidões sem face e sem alma. Meu único refúgio é o meu interno.
Meu corpo, todo decorado de lembranças.
Olhos cheios de expectativas. Coração, de esperanças.
Alma, de mente e mente, de vazio.
Vejo olhos sangrando escuridão.
Pés sem rumo, procuro mil universos sem sair do lugar.
Caminho por estas ruas, por penumbras, me escondo por becos, a fim de alguma risada ilusória.
De vez em quando, sorrio. Mas o que há por dentro de mim não são sorrisos.
Caminhada de passos intermináveis, meus pés torturados, se deixam esvaecer a dores por cada calçada.
Se levam com a poeira. Mas sempre voltam aos meus passos.
Minha embriaguez de mascaras, me infiltro em qualquer lugar. Conheço um pouco mais daquilo que me injuria.
Já perdi de todos os sonhos, a chance de um dia feliz. Há muito tempo, sei de sua inexistência.
Mas do meu sonho que me segue, há sempre alguém com uma alma de sorrisos que me dá forças para eternidades sem identidade.
E então, sigo. Nessa arte de passos monocromáticos.
Me fazendo de pó, me desmanchando nas estrelas.
Sempre espalhada por aí.
Sempre por aí.

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