sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Metamorfose inversa

Disseram que na vida haveria altos e baixos, mas nunca lhe informaram de detalhes.
Ela teve que descobrir. Descobrir a luta que vem com os altos e a dor que vem com os baixos.
Sofreu tais dores muito cedo. Tão cedo que aos poucos, seus sentimentos se esgotavam.
Ela acabou sendo alguém madura demais para sua idade.
Por experiencias e histórias, descobriu todas as dores mas não as conheceu de perto.
E aos poucos que as descobre, já é conformada, mas isso não faz doer menos.
Mas ela sabe que depois do baixo vem o alto e sempre vai ser assim. Porém, a cada queda, fica mais dificil lutar.
Esperanças arrancadas, sentimentos desperdiçados antes mesmo que ela podesse desfrutar deles.
Seus pés doendo, neste caminho deserto, não há almas que possam ajudá-la, apenas cascas que vão e vem sem cessar. 
Dando passos inertes com o vento sem vida acariciando seu rosto, ela luta para chegar ao topo onde é possível tocar o sol.
Onde é possivel obter forças, obter luz, obter vida. Mas é apenas um tropeço que a faz cair..
E então, num unico momento infame, o que parecia céu vira inferno, o que parecia luz, vira trevas e o que parecia felicidade simplesmente some.. Some e fica um vazio dentro..
Não exatamente um vazio. Ainda sobra a dor, mas já não é tão notável. Ainda sobra o sofrimento do qual já está conformada.
Ainda sobra o amor, que nunca foi utilizado, mas conservado até então. Pois foi o unico que foi se fortalecendo a cada subida e invulnerável a cada queda.
Então, na base deste, ela olha para cima e consegue sorrir, pois pela primeira vez, conseguiu ver a luz do sol lá de baixo.
Sentiu forças e distraída nem pode ver que alguém vinha atrás de si. Ao sentir o toque de alguém, olhou ao que parecia um tipo de anjo que a guiou não fazendo olhar para frente, mas sim olhando para trás.
Então ela viu o quanto já havia andado e sabia que não valia a pena desistir depois de tudo. E então olhou para a frente e deu o primeiro passo depois da queda que foi quase melhor que o topo.
Pois o topo, ela enfrentou sozinha. Na queda, teve alguém para enfrentar tudo com ela. Lado a lado, indo sempre adiante.

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