sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Manequins.

É como se eu estivesse parada e tudo corresse ao meu redor.
Corre, corre, corre e não para. Dá agonia.
Agonia, angústia. Dor.
Dentro a vitrine, eu vejo os que me olham e não olham pra mim.
Será que estou invisível?
Corre, corre e alguém se importa? Se importa em sentir o coração quase parando de uma estátua.
Sua história, seus passos. Ninguém os conhece.
As pessoas apenas correm, sem vontade de viver. Correm involuntariamente. Voluntariamente.
E durante esta viagem, ouço o que há de ser os mórbidos passos de pessoas sem mente, sem vida. Sem sonhos. Sem coração.
Entro em mortes súbitas e morro ao sair delas.
Por quanto tempo, um manequim aguenta, sem se quebrar?
Tudo vem, tudo passa, tudo continua, todos se vão e eu continuo ao mesmo lugar.
Largada, num lugar frio, parada apenas para ser admirada.
Mas ninguém admira. Não sirvo pra nada.
Será que eles já olharam através daquele vidro? Daquele olhar inanimado?
Será que já sentiram as cores florescerem ao redor?
Já pararam pra sentir, pensar, viver?
Em mármore, transpareço frágil, sou tudo o que eles queriam ser.
E tudo o que eles fazem é o que eu queria fazer. Ter o livre arbítrio de viver.
Só de um jeito diferente.
Inanimados ou não, todos acabamos como manequins.
Nessa sua vida superficial de figurino e rotina.
Apenas, manequins.

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